Educando o pensar, o sentir e o fazer com gentileza e respeito
A Pedagogia Waldorf parte de uma visão antroposófica, que vê o homem como um conjunto harmônico das dimensões: físico, anímico e espiritual. Dessa maneira, fundamenta as práticas educativas para desenvolver o aluno de forma integrada, associa o desenvolvimento das habilidades corporais, cognitivas e emocionais como foco essencial da educação. O conteúdo intelectual é ofertado em conjunto com os conteúdos que amadurecem as capacidades de manejar emoções e o corpo físico. Com o propósito de desenvolver uma estrutura emocional e física consistente, necessária para o desenvolvimento humano que necessita pensar claro, sentir confiante e realizar com força. Na prática isso quer dizer que as crianças são educadas para as suas necessidades do momento vivido e as necessidades do adulto que virá. Desenvolver na humanidade o pensamento claro, o sentir empático e forças de realização potentes é o dever do EDUCAR na nossa Era.
Tendo como base as fases do desenvolvimento humano organizado em setênios (cada sete anos), o processo pedagógico atua “lendo” e “amparando” as necessidades desse ser em desenvolvimento que está “tateando” e aprendendo sobre a existência no nosso planeta.
“A Pedagogia Waldorf é uma pedagogia essencialmente do fazer, nada deveria ser dado diretamente para a cabeça de uma criança. Para adquirir conhecimento, nós estudamos, ele já existe. Habilidades é que nós precisamos treinar. Então esta é uma pedagogia que tudo o que vai chegar para a criança passa primeiro por suas mão, das mãos pelo coração, porque ela se vincula afetivamente com aquilo que está fazendo, e, só então, chegará na cabeça. Então, se a criança vai estudar um conteúdo de matemática, medindo todas as possibilidades, construindo suas próprias réguas, construindo seus aparelhos de medição com as próprias mãos, ela se vincula afetivamente com essa tarefa, e assim ela aprende, ela desperta para este conhecimento de verdade. No futuro, ela poderá fazer o caminho inverso e aquela ideia que se tornou um ideal, poderá ser permeada pelo calor anímico, pelo calor do amor, e ir para uma ação amorosa no mundo. Portanto, na Pedagogia Waldorf, a criança durante o período escolar recebe algo que passou pelas suas mãos, viveu no coração e chegou à consciência, pra assim que ela se tornar apta a se colocar no mundo.”
Eduardo Américo, professor de classe
Primeiro setênio:
0 A 7 ANOS
Segundo setênio: 7 A 14 ANOS Antroposofia e pedagogia Waldorf - Carol Nazar (clique para ler)
Terceiro setênio:
14 A 21 ANOS PUBERDADE, O AMADURECIMENTO SOCIAL DO INDIVÍDUO (Texto da Biblioteca Virtual da Antroposofia)
As modificações corpóreas são intensas e profundas nessa época, especialmente devido ao crescimento dos membros e à maturação sexual, que são acompanhadas pelo desenvolvimento anímico, dando muitas vezes aquele aspecto desengonçado, desajeitado, que se observa nesta época.
Rudolf Steiner denomina esta fase de “fase de maturação terrestre”, não simplesmente de maturação sexual, pois esta parte é apenas um lado da puberdade. A puberdade representa um limiar; até então, o ser humano era muito mais cósmico e espontaneamente ligado à natureza. Agora ele se liga profundamente a terra e a gravidade da terra começa a tomar conta do seu corpo; ele se torna um “cidadão terreno”, capaz de atuar na sociedade, na Terra, e de viver o seu destino. Muitos jovens recuam inconscientemente diante dessa responsabilidade. O numero de suicídios entre 12 e 14 anos é muito grande. Outros fogem para as drogas, querendo voltar para aquela situação paradisíaca em que “eu e o mundo” somos um só. Outros ainda tentam não se alimentar, especialmente meninas, para manter a forma de criança. Além dessas, muitas outras formas de fuga se manifestam.
Juntamente com essa descida para a Terra e para dentro de si, vem também uma sensação de grande isolamento, de incompreensão, e a síntese com o mundo tem de ser reconquistada de dentro para fora. Com a puberdade, há um vislumbre da imagem ideal do ser humano. Cada um traz dentro de si essa imagem arquetípica ideal do ser humano; e é na época da puberdade que ela é sentida de maneira mais pura, tornando-se a partir daí a força propulsora do desenvolvimento. O jovem se encontra numa tensão enorme. De um lado ele tem dentro de si essa imagem ideal, do outro lado, através da maturação sexual, há uma solicitação dos seus instintos. É essa tensão que o torna tão difícil. O jovem procura este ideal em si, mas também dentro dosoutros. Daí a atitude crítica em relação a todos; o jovem se revolta, tornando se um revolucionário, ou então se apóia em grupos anulando sua personalidade. Não encontrando um ideal ou um ídolo digno de ser seguido, idolatra qualquer ídolo que encontre ao seu redor, tais como artistas de televisão ou ases esportivos que podem tomar uma dimensão exagerada. A leitura de biografias famosas pode contribuir para que um ídolo seja encontrado.
Nessa fase, onde agora o pensar lógico deverá ser desenvolvido, especialmente através da ciência, vale a frase: “O mundo é verdadeiro”. Só consegue transmitir a verdade do mundo ao jovem aquele que é autêntico e verdadeiro e que acredita no que está ensinando. Nessa época não são mais os pais nem os professores, mas os amigos e especialmente amigos mais velhos (que naturalmente também podem ser encontrados entre os professores) que desempenham um papel importante. É nessa fase que se dá a formação ideológica do jovem.Com os amigos mais velhos o jovem tem o apoio e compreensão que o fazem sair do isolamento.
Também aqui três fases podem ser observadas: de 14 a 16, de 16 a 18 e de 18 a 21 anos. A primeira fase é mais voltada para os fenômenos e mudanças corporais, onde a “organização do pensamento”, o interesse pela ciência e pela técnica ajuda a própria organização. Na fase dos 16 aos 18, muitos jovens passam por um período de religiosidade intensa, alguns até querendo tornar-se padres, freiras ou celibatários. Nessa fase nascem muitas poesias e dramas. A fase dos 18 aos 21 anos já é mais voltada para a profissão, portanto, para o encontro do jovem com a sociedade. Uma grande válvula de escape e companheiros de solidão são os diários que surgem nessa fase.
A personalidade que se forma tem cada vez mais consciência de si mesma e se questiona: “Quem sou eu?” “Que aptidões e talentos trago que poderão ser desenvolvidos?”. Muitos jovens necessitam de tempo e de várias experiências para encontrar resposta a estas perguntas. Para outros a resposta se torna clara por voltados dezoito anos e meio, quando o “eu” se interioriza ainda mais, atingindo agora a esfera da ação, época da “realização do eu”.
Como se pode manter a ligação entre pais e filhos nessa idade? Também agora o pai ou a mãe podem se tornar o amigo, a amiga. Argumentos autoritários só despertam rebelião. O diálogo de igual para igual torna-se necessário, mas como não há ainda a maturidade total dos 21 anos, a “liberdade” que os jovens exigem nessa fase deve entrar gradativamente e ser balanceada pela “responsabilidade”.
A DIFERENCIAÇÃO SEXUAL
A partir da pré-puberdade, a diferenciação sexual torna-se cada vez mais visível. A mulher amadurece mais rapidamente que o homem; a forma do seu corpo denota também as qualidades da alma feminina: mais redonda, mais cósmica, mais espiritual, menos profundamente ligada à terra. (A tonalidade de voz é mais alta, ossos mais leves, hemoglobina do sangue em porcentagem menor, útero e órgãos de reprodução retraídos para dentro do corpo.)
O homem tem seu corpo mais anguloso, ossos pesados, mais terrestre, cérebro mais pesado, hemoglobina em porcentagem mais elevada (portanto quantidade de ferro maior), pensamento mais racional, voltado para a luta, defesa, para a ação. Órgãos sexuais mais baixos e expostos. Os órgãos sexuais têm os elementos masculino e feminino ao mesmo tempo, uma parte se desenvolve, outra regride, dando a diferenciação sexual. Também a nível anímico, tanto o homem como a mulher tem dentro de si a parte feminina da alma (que Jung denomina de “anima”) e a parte masculina (“animus”). De acordo com a intensidade do animus, o homem ou a mulher podem ser mais ou menos masculinos. Se predominar a anima, o homem ou a mulher podem ser mais ou menos femininos.
Na fase dos 14 aos 21 anos começa a busca da complementação da alma cada Adão busca sua Eva, cada Eva o seu Adão – primeiro em nível de complementação e, à medida que há o amadurecimento psicológico no decorrer dos três setênios seguintes (21 a 42), haverá a integração dessas partes dentro de cada um.
Poderíamos dizer que durante a vida passamos por três fases do amor. A primeira é mais sexual. Na puberdade mais voltada para o próprio sexo para depois despertar para o sexo oposto. A segunda fase seria ado amor “erótico” ao nível do afeto. É uma busca que se passa mais ao nível anímico. A terceira fase, finalmente, é a do amor verdadeiro – de amar a individualidade do outro como ela é e não como eu gostaria que fosse. Amadurecer nesse sentido seria ajudar o desenvolvimento da individualidade do outro. Colocado assim, parece meio esquemático. Naturalmente, muito depende do indivíduo, podendo os três elementos aparecer concomitantemente.
Entre os 14 e 21 anos estas três etapas do amor se esboçam pela primeira vez: sexual, erótico-afetivo(companheirismo) e amor verdadeiro (espiritual), destituído de egoísmo. Reencontramos essas três fases cada uma predominante nas fases seguintes, respectivamente dos 21 aos 28, dos 28 aos 35 e dos 35 aos 42 anos.
AOS 21 ANOS – UMA CRISE DE IDENTIDADE
Com o fim do terceiro setênio, atingimos a maturidade ou maioridade.
Em torno do 21º ano de vida, para muitos jovens ocorrem crises violentas relativas à própria identidade. Muitos jovens têm de se libertar da imagem forte do pai, para conseguirem ser eles mesmos. O mesmo se dá com a filha quanto à influencia da mãe. Verdadeiros dramas acontecem em relação a isso. Muitos jovens só conseguem esta libertação da casa paterna ou materna, saindo de casa, mudando de lugar ou “quebrando” estas imagens com violência. São comuns os sonhos de morte dos pais. Só após terem encontrado a sua identidade, têm a possibilidade de voltar para casa como adultos e iniciar uma nova forma de relacionamento. Muito depende dos pais, se estes agora conseguem enxergar o adulto na criança e ter uma relação de igual para igual, base para um bom relacionamento.
Dra. Gudrun Burkhard
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